A história dos kimonos no karatê, também conhecidos como karategi, reflete a evolução cultural, funcional e filosófica das artes marciais japonesas, com influências do judô e da cultura tradicional do Japão. Abaixo, apresento um resumo claro e objetivo sobre o tema:

Origens do Karategi
O karategi, como o conhecemos hoje, deriva diretamente do judogi, o uniforme desenvolvido por Jigoro Kano, fundador do judô, no final do século XIX. Antes disso, os praticantes de artes marciais no Japão treinavam com roupas comuns ou trajes tradicionais, como quimonos leves, que não eram padronizados. O judogi foi criado para ser funcional, durável e adequado ao treinamento físico intenso, com um tecido reforçado para suportar pegadas e movimentos vigorosos.
Quando o karatê, originário de Okinawa, começou a se formalizar no Japão continental no início do século XX, mestres como Gichin Funakoshi, considerado o pai do karatê moderno, adotaram o judogi como base para o uniforme do karatê. Isso ocorreu porque o karatê, ao ser introduzido no Japão, precisava de uma imagem mais estruturada e formal para ganhar aceitação em um contexto cultural que valorizava disciplina e uniformidade.

Evolução do Karategi
- Influência de Okinawa: Em Okinawa, antes da padronização, os praticantes de karatê (então chamado de “tōde”) treinavam com roupas leves, como calças curtas e camisas soltas, ou até mesmo sem camisa em climas quentes. Não havia um uniforme específico, já que o treinamento era mais informal.
- Padronização no Japão: Com a disseminação do karatê no Japão nas décadas de 1920 e 1930, Funakoshi e outros mestres adaptaram o judogi, mas com modificações para atender às necessidades do karatê. O karategi tornou-se mais leve que o judogi, já que o karatê enfatiza golpes (socos, chutes) em vez de técnicas de agarre e projeção. O uniforme consistia em:
- Uwagi: a jaqueta, geralmente de manga longa, mas mais curta que a do judô.
- Zubon: as calças, largas para permitir mobilidade.
- Obi: o cinto, que indica a graduação do praticante (de branco para iniciantes até preto para mestres, com cores intermediárias variando por estilo).
- Simbolismo: O karategi branco simboliza pureza, humildade e respeito, valores centrais das artes marciais japonesas. A escolha do branco também era prática, pois o tecido não tingido era mais acessível e fácil de produzir.
Mudanças ao Longo do Tempo
- Tecido e Design: Inicialmente, o karategi era feito de algodão leve, mas com o tempo, tecidos mais pesados e reforçados foram introduzidos para maior durabilidade, especialmente em competições. Hoje, existem karategis específicos para kata (formas) e kumite (luta), com diferenças no peso e no corte. O karategi para kata é mais pesado, com um som característico ao realizar movimentos rápidos, enquanto o de kumite é mais leve para maior agilidade.
- Estilos e Escolas: Diferentes estilos de karatê (como Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu) podem ter pequenas variações no karategi, como o comprimento da manga ou o corte da jaqueta, mas o design básico permanece consistente.
- Competições Modernas: Com a popularização do karatê como esporte, especialmente após sua inclusão nas Olimpíadas de Tóquio 2020, o karategi foi regulamentado por organizações como a World Karate Federation (WKF). Regras específicas determinam o tamanho, a cor (geralmente branco) e a presença de logotipos ou emblemas.
Curiosidades
- Som do Karategi: O som “estalo” do karategi durante os movimentos rápidos em katas é valorizado em competições, especialmente no karatê Shotokan, pois reflete a precisão e a força dos golpes.
- Faixas Coloridas: A introdução de faixas coloridas para graduações foi inspirada no sistema do judô, também criado por Jigoro Kano, e se tornou um padrão no karatê moderno.
- Manutenção: Tradicionalmente, o karategi deve ser mantido limpo e bem cuidado, refletindo o respeito do praticante pela arte e pelo dojo.
Conclusão
O karategi é mais do que um uniforme; ele carrega a história do karatê, desde suas raízes em Okinawa até sua formalização no Japão e sua projeção global como símbolo de disciplina e respeito. Sua evolução reflete a transição do karatê de uma prática local para uma arte marcial e esporte reconhecido mundialmente, mantendo os valores de humildade e funcionalidade.